Ela aí está, ... a Primavera
Olá, Primavera!

A Primavera, por vezes, dorme a sesta dentro das flores dos jarros
A Primavera!
Hoje, 20 de Março de 2011, às 23h:21m, dá-se o Equinócio de Março. É o bilhete de entrada, para que a nossa amiga Primavera se junte à nossa Caminhada.
Hoje, por aqui, esteve um dia tão lindo como ela costuma ser. Um dia lindo, embora muito triste para todos nós, a família do Ventor. Mas a vida não pára e, com tristeza ou sem tristeza, os que ficam devem continuar a sua caminhada.

Um malmequer amarelo, para saudar a Primavera e ficar com a tia Luisa
Por entre as flores branquinhas da ameixieira, a Primavera espreitava-nos e a Luisa, a nossa tia Luisa, não estava lá para a receber. Ela recusou-se a querer caminhar mais e abandonou-nos, no Hospital da Amadora-Sintra mas, teve a sorte de ainda ter quem chorasse por ela e de lhe dar a estadia final no lugar que a viu nascer e onde deu as suas primeiras passadas. Ficou no meio dos seus bichos, entre os jarros, os malmequeres, as flores das ameixieiras, ... à sombra das nogueiras que a viram nascer. Tem ao lado o tanque da rega, onde tomava banho quando pequena, com os irmãos e os amigos.
E, ... para sua alegria, o melro que lá anda, da família do meu amigo Tobias, cantou durante todo o tempo sobre a oliveira. Ele cantava triste por saber que ela jamais voltaria, porque partiu para sempre da nossa vida, da vida dos seus cães e dos seus gatos, até do melro que por ali anda e não voltará a comer das suas migalhas.

Ela estará, sempre, entre as flores das ameixieiras
A tia Luisa partiu, e nós ficaremos por aqui a receber outras Primaveras, tantas quantas o Senhor da Esfera permitir, até ao reencontro final. Até lá, todos nós, família, cães e gatos, ficaremos a perguntar porquê. Porque deixamos de caminhar de repente sem avisarmos os que nos rodeiam.
Mas tudo faz parte de nós! A nossa caminhada resume-se ao nosso nascimento, à nossa vida por aqui e por ali e àquela hora fatídica, a morte, que nos rouba tudo.
Eu olhei as flores brancas das ameixieiras e procurei sob elas, a tia Luisa a tentar incentivar-me para tirar mais umas fotos àquelas flores tão lindas, as minhas Flores de Inverno. Sim, porque, a Primavera é sempre saudada, à sua chegada, com as lindas Flores de Inverno. Mas, desta vez, nem a tia Luisa me mostrava os ramos mais lindos de uma inflorescência intensa, nem eu tinha lá uma máquina para tal hipótese. Desta vez, eu não fui ao Quintal para colher flores, mas observar que flores ficariam lá com ela.

Caminhará, connosco, todas as Primaveras, entre as flores
Agora, resta-nos saber que ela está lá, entre as flores, flores que desde pequenina foi observando mas, doravante, não voltará a colhê-las. Daqui em diante, não trará mais jarros cá para casa, nem ameixas, nem ginjas, nem figos, nem nozes, ... doravante e, enquanto for possível, ela terá lá tudo isso só para ela. Viverá entre os seus cães e entre as suas flores para sempre, pelo menos, na nossa memória.
Até um dia tia Luisa. Nós caminharemos, primavera após Primavera, a teu lado.