1º Encontro com Rolas Bravas, em 2016
Ontem foi o nosso primeiro encontro de 2016.
Queria dar uma caminhada mas as possibilidades eram quase nenhumas. Desafiei a Dona do Pilantras e lá fomos. Sentamos-nos no carro e fomos fazer uma comprinha na Amadora. Depois tentei ir para onde conseguisse distender as pernas e andar nem que fossem 500 metros. Mas, atendendo a que isso não iria ser um bom trabalho, desviei-me para o Charco.
Eu sabia que elas já deveriam andar por aí. Chegam sempre a tempo de encantar o Ventor
Cheguei, encostei e parei. Os meus amigos tomavam banho. Saíam uns, regressavam outros, sempre com o sentido na água, para beberem ou para se lavarem. São limpinhos, os meus amigos!
Pintassilgos iam, pintassilgos vinham. O mesmo se passava com todos os outros. Verdilhões, pintassilgos verdes, pardais, estorninhos e não faltava entre estes, o meu amigo Albino. Eu acho que, eles, já todos me conhecem.
A Dona do Pilantras, minha companheira de algumas das minhas caminhadas, via TV no Ipad e eu, sem nada mais para fazer, apontava a máquina para o Charco, o ponto de encontro, entre eu e os meus amigos.
Elas também sabem que com o Ventor estão seguras, mas quero também que saibam que nem todos são como o Ventor
A tarde descia, o meu amigo Apolo caminhava rumo a oeste e começava a enfraquecer. De repente, vejo um alvo no silêncio. Uma rola brava, no seu voo silencioso, cortando o ar como uma flecha pousa junto ao Charco. Olha-me silenciosamente e volta a escrutinar tudo em volta. Depois, como quem não quer a coisa, dirige-se à água, fica de costas para mim e pergunta-me, olhando-me de soslaio: "estás aqui desde o ano passado, Ventor? Não imaginava que ficavas tão contente por nos voltares a ver"!
Mas fiquei. Fiquei e ela sabia-o! Descendo das alturas, mais uma flecha pousou ao lado dela. A voz daquele penudo, foi: "estava indeciso, Virgulina mas, quando me apercebi que era o Ventor, nem hesitei"!
Caminhando ao lado destas belezas, imagino-me em Adrão, nos anos 50's e em Vila Cabral em 1969
Foi assim o nosso primeiro encontro, em 08.04.2016. Beberam, água num charquinho como muitos de outros que encontraram pelo caminho. Pousar, abastecer o papo de água e comer (o que se possa arranjar) e, eis que chegaram. Chegaram à sua terra de eleição para namorarem, juntarem as peninhas e terem os seus filhotes; tratarem deles e lançarem-nos na escola da vida, na luta pela sobrevivência e regressarem juntos, na mesma rota migratória, num vai-vem de um mundo onde só pedem muito do céu azul para fugir às tormentas. É assim a vida da rola brava, no nosso Planeta Azul.