Vem aí a Primavera.
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Serra de Sintra, na Lagoa Azul
Vamos entrar em mais uma. Sim porque todos os anos têm uma Primavera! Espero que o ano de 2005 também tenha a sua. Houve tempos em que as flores definiam as Primaveras, mas hoje já não é bem assim, pois flores há todo o ano. No entanto, na Primavera há mais! Mas as Primaveras costumam, para além de irradiar flores, serem radiantes de vida e isso eu já estou a ver este ano.
Já vi a primeira andorinha de 2005, já vi as borboletas bailarem à minha frente, já assisti às minhas sinfonias mágicas com abelhas e besouros num belo palco amarelo, pintado com uma tinta especial - a flor do tojo. Também já vi as rolas, os melros, os gaios e demais passarada, nos seus namoriscos. Enfim, já vi tudo que dá para poder definir uma Primavera. O que eu não vi foi o Inverno e já não vale a pena procurá-lo. Vi apenas alguns dias frios! Não vi chuva, não vi tempestades a virar guarda-chuvas, não vi nada a não ser descontentamento. Mas vi o chão gretado pela seca, com autênticas cavernas e vi a aflição das flores e das plantas a tentarem sobreviver devido à seca.
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Serra de Sintra em volta da Lagoa Azul
Agora vem aí a Primavera e com ela o dia da Árvore. As pessoas, comandadas por grupos cheios de boa vontade, vão plantar árvores em locais homenageando assim uma das belezas que a Natureza nos oferece. A árvore é bela e útil para a humanidade e seus companheiros de caminhada e aqueles que já passaram por desertos, sabem avaliar o quanto vale uma árvore.
Para mim as árvores são belas companheiras de caminhada. Tenho bastantes árvores cinquentenárias, plantadas por mim quando pequeno. Algumas já foram úteis para a família. Já deram madeiras e lenha pelos anos fora, outras já morreram queimadas por indivíduos trôpegos de mente. Mas hoje recordo, vivamente, o carinho com que plantava uma árvore. Com que a agarrava e a prendia à vida. À vida dela e à nossa.
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Um salgueiro
Recordo como as limpava, como as replantava em locais mais adequados e como ficava fulo quando os meus pais entendiam que a árvore não podia estar ali. Aí ainda era pequeno de mais e o sítio não era realmente o adequado, mas eu tratava a árvore como o ser vivo que é. Pegava nela e dava-lhe o local adequado e a minha mãe ficava toda encantada. Havia um velhote, o ti Dafonte, que dizia que eu iria ser um grande jardineiro. Quem me dera! Afinal nasci para mexer em muita coisa, mas não em jardins. No entanto, sei apreciá-los! Dói-me a alma quando vejo os jardins mal tratados por vândalos da sociedade! As pessoas, normalmente, embora não perceba porquê, são mais inspiradas a fazer mal.
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Os "gatos" dos salgueiros e o meu amigo a mostrar-mos
Em Massamá, plantei 6 árvores nos largos canteiros do passeio abandonados por todos. Foi o meu trabalho ao comprar ali casa. Árvores bonitas, das quais três eram palmeiras. Tinha uma sempre noiva que estava sempre florida e a malandragem partia-lhe os galhitos e depois partiu-a a ela. Quantas vezes eu ia a Massamá, de propósito, só para as regar a ver se resistiam aos calores dos Verãos. Ninguém ligava aos canteiros e eu até me permiti, enterrar o meu Rafinho (coelhinho anão) entre duas dessas pequenas árvores.
Um dia alguém se lembrou de ajardinar os canteiros, em Massamá. Chegaram e cortaram as árvores para colocarem lá outras, por sinal de mau gosto. Foi um grande choque porque tinha ali investido uma "pequena fortuna" em árvores e trabalho, devido ao abandono que se verificava. As minhas palmeiras eram bem mais bonitas do que as que as substituíram. Enfim, negócios!
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A beleza de um carvalho
Agora, espero que as árvores que vão ser plantadas neste Dia da Árvore, tenham água para sobreviver ao verão seco que se avizinha e que não pensem nas árvores apenas neste dia. Claro que não vos vou pedir para passarem a vida a plantar árvores, e depois aparecerem outros e cortá-las, mas peço-vos para as olharem, as respeitarem e agradecer-lhes a sua presença na nossa caminhada.
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Uma janela, algures na Beloura
Esta janela virtual deve servir para alguma coisa. Daqui espreito mentalmente e presto a minha homenagem às matas selvagens onde, por vezes, tropeço. Foco duas em homenagem a todas as outras. Uma é a mata de carvalhos de Albergaria no Gerês, acessível a todos, outra é a mata de carvalhos no Ramiscal, nos contrafortes da serra de Soajo e da Peneda, ecossistemas primitivos protegidos no Parque Nacional Peneda-Gerês. A mata do Ramiscal é apenas acessível a privilegiados (gente com capacidade de fazer pedaladas) e não a vejo há 47 anos mas está sempre no meu coração.