Os Iglos de Pedra
Dizem-nos, os especialistas, que os bancos de gelo da Antárctida estão a derreter-se e que as grandes "falésias" de gelo se desmoronam, lançando pequenos e grandes icebergs que vão sendo empurrados pelas correntes marítimas, mar fora, até terminarem a tarefa de abandono do seu rincão.
A geleira Spegazzini, na Argentina. Uma geleira de maré desprendendo massas de gelo. Tirada da Wikipédia
Falam-nos também das catástrofes que, tudo isso, provocará, directa ou indirectamente, no Planeta Terra. Dizem-nos que as águas desses gelos derretidos vão fazer transbordar o mar e que, deixando de ser falésis geladas, irão passar a investir, em forma de água, contra as suas primas, as falésias terrestres.
Assim, as grandes quantidades de águas, presas nos bancos de gelo, enforecer-se-ão nos embates contra as arribas e falésias terrestres, derrubando-as ou torneando-as, afundando os nossos vales e lezírias, afogando tudo que hoje nos mata a fome.
Esta imagem foi tirada da Wikipédia
A humanidade tenderá, então, a adaptar-se e ajustar-se às misérias que passarão a caminhar a nosso lado. Então, vamos voltar ás montanhas e muitos de nós, se puderem, abandonaremos os Iglos de Gelo e voltaremos a construir os Iglos de Pedra. Tentaremos produzir, nas zonas altas, os centeios e as aveias que, em tempos, mataram a fome aos que, no passado, foram capazes de resistir.
Um Iglo de Pedra granítica, nas minhas Montanhas Lindas
Acredito que, só assim, nas minhas Montanhas Lindas, voltarão a existir pastores e gados e voltarão a endireitar as mãos às "Alturas" para que o Senhor da Esfera os auxilie.
Por aí abaixo, os vales tornar-se-ão enseadas, os rios, como sempre, continuarão a correr para os lagos e para os mares. Entretanto, as cinzas das nossas civilizações serão dissolvidas, tal como nós, por séculos, por milénios ... sei lá!
Perdido nos tempos, o ciclo recomeçará e, então, os vindouros olharão, impotentes, todo o afundanço que cometemos.
Quem sabe se não haverá processo de, num ou outro Iglo de Pedra, deixar para os vindouros maneira de lhes explicar os erros que cometemos na nossa caminhada colectiva.