Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Planeta Azul

Mantenhamos a beleza do nosso Planeta Terra. Temos de o proteger

Planeta Azul

Mantenhamos a beleza do nosso Planeta Terra. Temos de o proteger

Lince.jpg 

Planeta Azul - Na Rota do Lince Ibérico

A beleza do Lince Ibérico. Foto tirada da Wikipédia atribuída ao "Programa de Conservación Ex-Situ del Lince Ibérico


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


O Cantinho do Ventor
Caminhando por aí
Ventor e a África
Observar o Passado
Adrão e o Ventor
A Grande Caminhada
A Arrelia do Quico
Os Amigos do Quico
Fotoblog do Quico
Fotoblog do Ventor
Coisas Lindas do Ventor
Rádio Ventor
Pilantras com o Ventor
Fotoblog do Pilantras
Montanhas Lindas
Os Filhos do Sol
As Belezas do Ventor
Ventor entre as Flores

31.03.12

A Hora do Planeta


Ventor

Todas as horas são ou deveriam ser, no sentido que se pretende, a Hora do Planeta.

A Hora do Planeta, com o objectivo que o WWF-World Wildlife Fund pretende, deveria de existir todos os dias a todas as horas, todos os minutos, todos os segundos que os cidadãos possam dedicar às economias energéticas e não só.

As sociedades modernas são demasiado egoístas e, por isso, se vão tornando retrógradas nas poupanças energéticas que, um dia tanta falta virão a fazer aos vindouros.

Eu penso no futuro daqueles que nos substituirão nas nossas caminhadas. E, quando um dia abandonar a Luz do meu amigo Apolo, gostaria de ir com a ideia constituída de que tudo irá correr bem para os que ficam pois não irei querer que eles venham a ter a vida que eu tive nos primeiros anos da minha vida, vivendo no limiar dos mínimos embora, os possa considerar dos mais felizes que tive.

Porém, recordo-me que, nas nossas aldeias serranas, aprendemos depressa a contar as estrelas e a saber observá-las. Aprendemos a viver com meia dúzia de coisas e a tratar os nossos animais domésticos como nossos iguais, porque eles eram parte integrante da nossa vida. Dependíamos nós, mais deles, que eles de nós.

Por isso, recordo, sempre, esses tempos de um modo muito especial. Desde que saí de Adrão, não mais caminhei de igual modo, com a minha amiga Diana, nas suas noites mais brilhantes, nem voltei a observar, da mesma forma, a minha amiga Vénus, a nossa estrela da tarde e estela da manhã, quer ao cair da noite, quer ao nascer da aurora matinal.

feeding-baby-elephants.jpg

Não tive tempo de acompanhar a Hora do Planeta, mas não me esquecerei que ela deve existir todos os dias, pontualmente, e isso depende de todos nós, até dos elefantes

Por essas e muitas outras coisas recordo os povos que vivem as suas vidas como eu vivi a minha nos primórdios, tal como os Tuaregues, recordando aqui essa gente valorosa, cuja riqueza maior são as areias do deserto, os tufos de ervas verdes que alimentam os seus gados e as nascentes de água potável.

Quando saí de Adrão, com 15 anos, apenas uma vez tinha passado por Arcos de Valdevez, quando fui fazer o exame da 4ª Classe e foi pela primeira vez, numa noite, que dormi fora de casa, na Pensão do Sr. Lima. Dormia em Adrão ou Paradela e, apenas por outra vez dormi no Albergue da Peneda, onde hoje é o Hotel. A partir dos 15 anos, dormi sempre fora de casa! Agora já não tem importância porque dormimos sempre em camas que pagamos ou que nos emprestam por uma ou duas noites. O ninho, nunca mais foi o mesmo!

O Tuareg diz que, saído do deserto da sua vida, chorou ao ver a água correr nas torneiras do Hotel. Que tem saudades de pisar as areias do seu deserto descalço e que, o seu povo era, muitas vezes, nas suas caminhadas nómadas, levado até à água, nascida nas areias desérticas, pelos camelos. Agora, tal como eu, já terá deixado de contar as estrelas de observá-las e de agradecer a sua companhia. Na prática, acabamos por esquecer de as olhar.

Tal como eu, ele tem saudades do leite da camela e eu tenho saudades do leite da ribeira.

 

 

Deixem que as flores vivem a nosso lado

Tal como eu, ele sabe que as sociedades ditas ocidentais, mas não só, passam o tempo a correr, a empenhar-se nos bancos, julgando que o sorriso seguinte será mais lindo. Quantos enganos que têm mostrado as crises onde todos, uns mais outros menos, estamos atolados.

Acredito que o Tuareg fique tão espantado com tanta coisa, como eu fiquei, na minha chegada a Lisboa mas, sobretudo, desejo-lhe felicidades no mundo que o vai absorvendo e êxito na Universidade de Montpellier.

Fiquei espantado com a primeira mulher que vi a fumar na minha vida, numa viagem de cacilheiro entre o Terreiro do Paço e Cacilhas, em 1961. Julguei-me estar num outro mundo que não o meu!

Fiquei espantado quando me cruzei com o primeiro indivíduo de raça negra na R. Afonso Galo, em Almada, também em 1961. E tantas outras coisas que também terão espantado o Tuareg, tal como as imagens de mulheres nuas que ele vê nas paredes das cidades francesas ou nas televisões. Não é só desrespeito pelas mulheres, não, amigo. Elas derespeitam-se a si próprias! Têm liberdade para isso.

Eu e o Tuareg temos muitas coisas em comum, especialmente, o azul. Ele tem mesmo que gostar do azul porque, viveu entre o azul do céu do deserto e as areias douradas do seu mundo e, para sua salvação, o tecido que o protegeu do pó, é também de tom azul. Também eu gostava do céu que pairava sobre as minhas Montanhas Lindas, todas verdes. Como gostei do primeiro mar que vi quando, em 1961, tomei o primeiro banho de mar na praia da Costa da Caparica.

Por isso, não só aos tuaregues mas a todos os povos do mundo, lembro-me dos meninos do Huambo e do Niassa, entre outros, eu desejo toda a sorte do mundo e nunca se esqueçam da Hora do Planeta! Pensar na Hora do Planeta é pensar no futuro! 

 



Eu quero ser eterno companheiro do Ventor na nossa Grande Caminhada

17.03.12

Inverno de 2012


Ventor

Foi um inverno cheio de sol. Sol e, por vezes, com muito frio. O frio foi tanto que o meu amigo Apolo me dizia para utilizar os instrumentos disponíveis, como alternativa à sua falta de eficácia.

Todos os dias, de manhã, ele me batia nas vidraças e nos cortinados, sorrindo.

«Espreita o horizonte Ventor», dizia-me ele, de vez em quando. Olha hoje passeio-me com um robe salomónico como tu gostas»!

Eu afastava o cortinado e espreitava. No horizonte, para além do ninho da "pega" e lá via o meu amigo a desembaraçar-se daquele excesso de tecido, cores de fogo, de laranja, de vermelho e, lá vinha ele!

Papoilas vermelhas, belas flores das minhas caminhadas que, este inverno não me abandonaram

«Hoje, Ventor, as musas e as ninfas esmeraram-se na sua eterna sabedoria de que eu as incuti mas, gastaram muito tecido. Também elas julgam que o tempo das vacas gordas nunca acaba»!

Ai também? Tens de por cobro a isso! Eu gosto de te ver todo embaraçado no meio desse colorido mas, de facto, estamos em tempos de austeridade.

«Austeridade e trabalho, Ventor!

Tenho tido muito trabalho com o Nibiru de que falam os nossos amigos mesopotâmicos. Se me distraio, esfarrapa-me os robes todos»!

«É atrevido como sempre e é comandado por Marduk. Tenho de fazer tudo para o afastar de junto de nós. Tenho de velar pelo meu sistema, afastando-o para o mais longe possível. Tal como tu, tenho muita estima por esse Planeta Azul».

«Mas tu, Ventor, devias estar todo encantado! Acabaste o ano com flores, iniciaste este ano com flores, muitas flores no Lugar do Sol. Nem as papoilas te deixaram Ventor! Tens visto as papoilas»?

 

Papoilas vermelhas de outro local. Estas começaram a dar nas vistas desde meados de Fevereiro. Encostadas ao muro, dali sempre cumprimentaram o Ventor

Tenho, Apolo! Tenho visto as papoilas quase todos os dias e, estou impressionado como elas resistiram ao frio e à seca! Todos os dias ou quase, as vejo penduradas sobre a ribeira, resistentes a tudo, até ao xi-xi dos cães e dos gatos. Há papoilas do ano passado que resistiram quase enfezadas e, agora, depois das chuvadas, estão lindas e cheias de força e há muitas papoilas nascidas este ano que já me saudaram também e me fizeram recordar o teu robe. Ainda não vi as branquinhas!

Foi com os seus gritos "honremos Apolo e Ventor" que me apercebi que já coloriram este belo Planeta Azul, por aqui, papoilas vermelhas, amarelas rosas e lilases. Faltam-me as branquinhas mas não tardará muito e elas caminharão a meu lado.

 

 

Uma carriça! Uma das minhas belezas, quase microscópica, que ontem se fartou de cantar para o Ventor. Como é um penudinho que raramente vejo, tal como eu, ela estaria com saudades e com vontade de me demonstrar que é pequenina mas que aprendeu a cantar à sombra dos bosques e entre as flores. Ontem, essa carricinha foi o meu encanto durante muito tempo. Ela, no chão, nos arbustos, nas árvores, encantandora, ela e o seu som e, no alto, a águia pairando, projectando a sua sombra sobre mim e a carriça. Mas ontem, a cariça foi a mais forte a prender a atenção do Vetor

«Porque as musas e as ninfas, Ventor, não quiseram meter o branco da papoila e disseram-me que a Primavera iria ter a honra, este ano, de te aparecer com papoilas brancas na sua grinalda».

E assim tem sido o meu inverno de 2012. Com flores, muitas flores! Flores de ameixieira, flores de abrunheiros, flores das malvas, papoilas e tantas outras. Todas embrulhadas nesta cápsula azul - o Planeta Azul.

 

Também tive a companhia deste primo do meu amigo Tobias, que fez tudo para animar a minha caminhada e até me pareceu que ficou cheio de ciúmes por eu perder tanto tempo com aquela coisinha minúscula a que todos chamamos carriça

Nibiru, o Planeta X - o Marduk, anda muito perto de nós. Vamos ter de esperar que ele se afaste sem fazer estragos. Ficarei à espera que, só ou com todas as ajudas, o meu amigo Apolo adquira força de repulsão, quanto baste, para o afastar para bem longe, por mais 3.500 a 3.600 anos.

Entretanto, eu espero continuar a viver dentro desta cápsula azul, onde as papoilas, este ano, nunca me abandonaram.



Eu quero ser eterno companheiro do Ventor na nossa Grande Caminhada