Aranhas e vespas
Hoje, sentado aqui, caminhando com Todos os Santos, recordo uma parte da tarde que vivi, em redor do Lugar do Sol, no domingo, 29.10.2017, no dia que o meu amigo Santiago fez anos. Como sempre, deixei-os a brincar, a conversar, a comer, a beber e, fui dar a minha caminhada do costume.
Caminhava quase sem companhia. Onde costumo caminhar entre flores lindas, coelhos, perdizes, mochos e muita passarada, caminhava com tudo seco por onde esvoaçavam alguns pássaros e lá por cima, bem alto, uma águia. Por fim, no meio daquela monotonia, onde só via secura, um grupo de pinheiros, uns carrascos com bolotas quase do tamanho deles, tudo cercado pelo horizonte com a serra de Sintra na sua linha, lá me apareceu a aranha de cruz para me animar.
A aranha de cruz
Mas foi o diabo para a fotografar. Creio que ela construiu a sua teia com inteligência. Tinha algo na boca, uma peça da sua caçada na despensa e outro insecto preso, ainda vivo que, julgo, não correu para ele para o embrulhar, por minha causa. Mas ficou lá preso a tentar a liberdade.
Recordo-me que, quando era puto, na serra de Soajo, no monte chamado Gondomil, frente ao lugar de Adrão, foi onde vi as maiores aranhas de cruz até hoje. Faziam as teias de urze a urze e quando eu corria monte adiante, ou monte abaixo, às vezes até me sentia caçado naquelas teias gigantes. Só ficava descansado quando me apercebia que a aranha não estava na teia que me enrolava.
Continuei a minha caminhada por entre tojos e carrascos e fui dar com esta bicharoca, mais comprida e, também, tal como a aranha de cruz, é uma aranha de jardim.
Uma aranha de jardim, Argiope trifasciata que aparece por todo o mundo
Esta também foi difícil de fotografar. Elas constroem as teias em locais quase inacessíveis para poderem estar à vontade e ninguém as perturbar. Cães, raposas e outra bicharada passam por baixo e deixam a teia intacta e os insectos são caçados com a mestria que conhecemos. As suas teias podem atingir um diâmetro de 60 cm e um comprimento de tela até 2 metros, conforme o tamanho da aranha.
Vespas
Em tempos, no Borel, na Amadora, encontrei uma aldeia no solo e não sabia de que seria aquilo. Eram vários buracos no chão duro como esse. As vespas eram de outra espécie e, enquanto eu as observava, tal como se de uma colmeia se tratasse, entravam umas e saíam outras, buracos dentro, buracos fora.
Essa espécie, na foto em cima, nem sei porque não me picaram. Elas saíam em grupo e entravam em grupo nesse único buraco mas achei engraçado como elas têm um sistema de defesa. Eu aproximava-me e elas entravam todas no buraco, eu afastava-me e elas saíam em grupo do buraco. E fiz aquilo várias vezes para confirmar. Passos em direcção do buraco e elas buraco dentro, passos atrás e elas buraco fora. Por fim fui-me embora não fosse o diabo tece-las.
E, hoje, cá estou eu a viver momentos passados. A viver hoje, os momentos de um dia anterior com os nossos companheiros de caminhadas neste belo Planeta Azul.